terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Raimundo Marreta

 Raimundo era um porteiro comum, tinha por torno de seus 70 e poucos anos e trabalhava fazia quase vinte em um prédio comercial que ficava no centro. Ele não era brasileiro de sangue (e mal de coração), ele nasceu em Lisboa e veio para o Brasil junto dos pais ainda criança. Durante a adolescência trabalhou de engraxate na frente do tribunal, não ganhava muito, tentou roubar um carro e ficou uma noite em cana, foi até noticia no jornal com a manchete "Guri lusitano tentar roubar carro:Preso"', e ainda por cima o repórter tirou uma onda, com aquele velho pensamento clichê que todos os brasileiros tem sobre os portugueses (burros, burros como uma porta).
 depois daquilo ele começou a praticar boxe, tinha talento, seu soco derrubava touros, chegou a ser campeão brasileiro e quase disputou uma olimpíada, mas esse seu sonho ficou para traz, ele teve uma tendinite no braço direito, foi obrigado a jogar a toalha, foi treinador de grandes lutadores porem sua filha recém nascida tinha necessidades, sua esposa tinha necessidades e o dinheiro que ganhava como treinador já não era o suficiente e para segurar as contas, dai fica o foco mental melancólico de Raimundo "do que adianta o dinheiro se ele não me deixa feliz, mas o jogo já não é mais para minha felicidade".
 Sua esposa, Elisa era mais nova, era formada em historia e era professora do principal colégio publico da cidade, era a cabocla dos sonhos de Raimundo, pois Raimundo de atraente só tinha seu caráter e Elisa via isso como a maior qualidade de um belo mocetão, E assim viveram juntos, era uma bela família, um pai uma filha e uma mãe que tinham o habito de tomar sorvete na praça em frente a escola que a mãe trabalhava todas as terças.Porem em
uma fatídica segunda Elisa morre no capotamento de um ônibus, com uma barra no meio do coração e nas mãos os sapatos novos que comprará para teu amado mocetão.
 Viúvo, sua filha foi criada mais pela vó do que pelo pai, mas chegava o dia dos pais, o natal vinha Verônica sua filha a sorrir, a fazer uma ceia e naquele dia já não tinha mais bronca
já não tinha pergunta sobre as tatuagens apenas sorrisos e vinhos e dai sempre afirmava Raimundo, para si mesmo "minha mulher não morreu, só deixou seu corpo calado, e me deu sua alegria em forma da minha eterna menininha".
 Chega vinte e quatro de dezembro, tudo alegre naquele prédio de classe media no centro, dona Efigênia, uma velha gorda que parece que não sabe fritar um ovo sem reclamar que ele ficou engordurado ou que a gordura queimou sua pele liga na portaria:
- Alô, Raimundo!?
- Diga dona Efigênia, a senhora ta bem?
- Tô sim Raimundo, você pode fazer o favor de liga pra manutenção arruma logo esse elevador, você sabe que hoje é véspera de natal e o prédio vai ta cheio de gente entrando e saindo, velhos e novos, então faz o favor de pedir pra arrumar isso logo!
- Dona Efigênia a gente já ligou mas eles só vem depois do natal, por enquanto use o elevador de serviço!
- Mas ai minha família vai ter que se misturar com as faxineiras?
 Aquela frase caiu com um martelo na mente de Raimundo que já estava meio estressado e depois daquilo, ele viu como aquele povo é ignorante, raiva que raiva, nunca sentira tanta raiva Raimundo daquela velha gorda, pois sua mãe era faxineira em varias casas de família. A diversão de Raimundo enquanto não tinha nada para fazer ele ouvia seu radio AM, falando sobre os jogos da rodada, tocando sertanejo e samba de raiz, e anunciando as noticias de quinze em quinze minutos. "...minha mãe não dorme enquanto n...", acabou a pilha do radio, Raimundo abaixa a cabeça e e tenta se acalmar, pensa que tem mais mas não tem, pensa que que tem mais que um radio e quebra aquele, mas ele não tem, mais frustração, já basta o fato que aquela véspera de natal não vai poder visitar sua filha e aquela velha chata, o radio quebrado, os pregos a marretar.
 Insano com a situação ele viu os pregos fora dos muros, ele tinha que prega-los no terceiro andar no primeiro ele pensa n que vai fazer, no segundo ele não pensa, no terceiro começa a bater. BAM BAM BAM, ESSE É O BARULHO DE CABEÇAS EXPLODINDO. Raimundo decide matar, Raimundo sentiu sangue e ouviu gritos mas ignorou todos esses prazeres, pois a raiva e muita, ele riu quando martelou a barriga de Isabela, a neta gravida de dona Efigênia, até parecia que ela ia parir um um ovo engordurado. Sangue na TV, o show do roberto Carlos parecia que ia acabar o brilho de sangue para Raimundo se esbaldar.
 Um estouro na porta, Raimundo vai te matar!? E morreu. Raimundo foi baleado a queima-roupa por um policial, sua filha não acreditava no oque aconteceu, foram três vitimas, dona Efigênia, isabela,a gravida (então três vitimas e meia) e guilherme que a frase de Coringa "Basta um dia ruim para um bom homem se tornar um lunático, e a linha ténue que divide um lunático e um bom homem é apenas um dia ruim".


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