terça-feira, 11 de julho de 2017

Inside (Ou o Sustentável peso do fictício) Pt. V

CAPITULO V – VOCÊ ENTENDEU POR QUE NÃO VÊ A LUZ DO DIA?


A vontade dizer “oi meu amor, você voltou” era grande, mas ele estava bravo comigo, seria muita sacanagem, mas a presença dele me alegrou, acabou, vou finalmente respirar direito, sentir menos dor, vou usar camisetas apertadas e não vai ficar um buraco marcado nela e nem vou mais sujar as roupas de sangue só por estar com elas.
Eu sorri e perguntei o que ele carregava numa sacola muito pequena que ele carregava. Ele foi direto, porém sem esconder seu cansaço disse:
- Amigo... Precisamos conversar.
A gente sentou no sofá, liguei a tv, passava o jornal da madrugada na Band News, não sabia o que dizer, até que perguntei:
 - Afinal, por que você quis sair de novo? E por que você ta assim, ta machucado?
Ele, com aqueles olhos pequenos me assustava, eram olhos não envoltos de pele ou de pelos dentro de um globo ocular natural e anatômico, eram olhos meio saltados que me assustavam por não parecer naturais, eles estavam baixos, até que olharam diretamente pra mim, pareciam olhos de peixes vivos colados com Super Bonder em um coração dilacerado, olhos loucos, que da boca que era um simples buraco sem lábios que era fácil ver alguns dentes, que nem busquei entender o como eles nasceram num musculo sem ossos e que teoricamente nunca precisaria de dentes para sobreviver:
- De novo, eu fui pros confins do mundo pra corrigir suas cagadas e a vitima dela quase me matou com um martelo de amaciar carne.
Não sabia o que dizer, houve um silencio mortal, mas curto, logo perguntei:
 - Por que você faz isso? Isso não faz mal pra você? Eu sempre fico muito mais cansado quando você não esta. A gente precisa um do outro, eu acredito nisso. Se eu te fiz algo me desculpa eu não percebi.
- A culpa não é minha, se toca disso. Serio, agora e eu entendo a dor da isabela, e eu to muito puto com você.
A cada momento que eu falava eu me sentia menor, oprimido. Minha pequena sala ficava MENOR, MENOR, E CADA VEZ menor, mínimo. Eu pensava se sempre que minha mãe dizia que eu tinha coração grande, era uma situação dessa que ela imagina que eu iria passar, crescer e sumir, A tristeza naquele momento, eu não sentia, nem a alegria, nem a raiva que meu coração sentia naquele momento, a raiva de mim mas não a raiva de mim mesmo.
Uma entidade independente, que cresceu e amadureceu diferente de mim, que não aprende, que não cresceu, e esta amadurecendo e os problemas psicológicos são segurança para os que não entendem o mundo. Depressivos são poucos comparados aos que são melancólicos e infelizes mas todos tem uma chance, ou arrumam a casa, ou jogam tudo debaixo do tapete e infelizmente demorei para entender isso, só fui entender no momento que meu coração se deitou sobre a minha mão e disse:
- Você me culpa pela merda que você é, você não é único, você tem seu emprego, casa que no fundo você escolheu passar por isso, claro que as opções são poucas, mas de todas as decisões que mudaram sua vida você deve lembrar de no máximo duas.
Sabia que os sentimentos são criados na sua cabeça? e que os japoneses do período feudal sentiam o amor na barriga?
 - Mas... Mas...
Eu não sabia o que responder, mas queria responder, então eu perguntei:
- Por que você saiu pela primeira vez? Quando você voltou eu nem percebi que tinha chegado, nunca tinha dito nada.
Ele de maneira fria respondeu.
- Eu só queria viver, ter sentimentos, eu viajei na garupa de caminhões, conversei com todos os bêbados e loucos de BR que eu achei pelo caminho. Eu fui gentil, engoli preconceitos da humanidade e não disseminei nenhum tipo de ódio, disse bom dia para qualquer um que me vesse, me chutaram, outros me amaram, a maioria pobre igual a você, mas nem todos eram pobres financeiramente, mas sim de espirito. Não suportei ver você se vender a tanta coisa inútil e isso te fazer mau. Eu tive que sair.
Conversa veio e conversa foi. Eu tinha a convicção do lixo que eu era e como deveria me concertar. No final de tudo, viramos amigos pois vivemos juntos a vida toda, lembrando do meu primeiro beijo e do momento que eu ouvi “No surprises” do Radiohead, tocando na rádio, entre as paradas de sucesso e do dia do meu casamento, o dia mais feliz da minha vida. Ele pegou a sacolinha e disse:
- Tira a camisa, vamos dormir.
Abri um sorriso e fiz o que ele mandou, ele me escalou, se encaixou deixado só os braços pra fora, ele tirou um negocio meio esbranquiçado e o comeu de uma vez, deu pra saber que era crocante pelo barulho que fez a mastigação, eu perguntei:
- Somos realmente amigos a partir de agora?
Ele demorou pra responder devido a mastigação, e quando engoliu comecei a sentir novamente os batimentos e o sangue correndo pelas veias, mas parecia que algo queimava por dentro, estava doendo muito, minha garganta pareica que começava a fechar, então ele respondeu:
- Você diz que via mudar, mas no fundo não muda, já disse isso milhares de vezes, mas ainda é a mesma coisa, eu não acredito em você, nunca serei feliz com você.
A dor começou a aumentar:
- O que você comeu? O que é isso!?
Meu coração respondeu:
- Um pedaço de maçã regado a Cianureto de potássio.

FIM.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Inside (Ou o Sustentável peso do fictício) Pt. IV

PARTE IV – CORAGEM

Eu a encontrei finalmente, após andar muito, horas me irritando com o som dos meus passos, horas amando a liberdade. Se um dia eu querer enriquecer eu farei sapatos para corações aventureiros como eu, o asfalto machuca muito, temos que ficar correndo das pessoas que não olham para baixo à não ser se fora para olha a tela  de seus celulares e quando algum animal resolve tentar nos comer, eu tive que matar um pássaro e um rato usando uma faca de plástico suja de lasanha, mas eu a encontrei, sim, eu a encontrei ela no Cambuí, ela passou por mim como se nunca tivesse me visto na vida, ela me conhece muito bem, sei disso. Comecei a segui-la até ela entrar na farmácia, estava cansado demais, mas não podia perder a oportunidade. Ela pegou dois pacotes de absorventes e passou pela sessão de dietéticos e chegou na prateleira de preservativos, colocou um na cesta de comprar, e dois pacotes na bolsa de colo que carregava bem junta a cesta, quando ela ia colocar dois tubos de lubrificante na bolsa eu disse
- Precisas realmente roubar para sentir prazer?
Ela se assustou e deixou os tubos caírem, deu um grito e correu, deixando a cesta quase cair em ciam de mim, o dono da farmácia se assustou e ficou sem entender o que aconteceu e permaneceu parado no balcão vendo a cena. Senti uma grnade euforia e corri tanto que consegui alcança-la:
- Isa espera. Eu quero conversar.
Ela parou gélida, travada e se virou e demonstrando o medo que sentia disse perguntou:
- Quem é você? Que porra é você?
- Eu sou um coração, o coração do seu ex-marido, não quero fazer mau nenhum a você apenas quero conversar. Tem coisa que preciso lhe dizer.
- Então é verdade.. Respondeu Isa surpresa – Então é verdade o que a minha mãe me dizia, que quando um alguém é muito irresponsável com seu coração ele pula do peito das pessoas e sai por ai, voltam e nunca se sabe exatamente o que acontece com eles.
- É mais ou menos isso, podemos sentar em algum lugar e conversar?
Engolindo o medo ela respondeu:
- Sim, preciso ir pra casa, pode ser lá?
Respondi que sim e ela me ofereceu um espaço na bolsa dela para eu descansar. Fomos e quando chegamos ela me deixou em cima de uma pequena mesa de cozinha, ela morava numa kitnet bem pequena mas bem organizada, fofa com as paredes num tom bege, tinha um fogão, geladeira, um sofá cama, tv e um armário que parte era pra roupas outra para as comidas e utensílios de cozinha. Ela se se sentou à mesa e perguntou:
- Eu só estou te ouvindo, pois nunca que um coração parou pra falar comigo. Então pode falar.
 - Eu me sinto culpado, mas estou falando de mim, o coração, aquela noite segundo ele foi um acidente mas não posso afirmar isso, eu não tenho olhos. Tudo que acontece há minha volta nunca é visto, é apenas sentido. Eu senti você esmurrando o peito dele e a respiração dele ficando mais forte, eu tinha raiva e muito medo, sentimentos são meus alimentos e o de qualquer coração Isabela, e nunca temos a opção de negar a comida ou de vomitar o que comemos muito pelo contrário, temos que engolir tudo, socam essas coisas na gente e falam que nós somos burros. Queria lhe dizer que te amo, pois você me alimentou das melhores coisas, coisas que valiam a pena viver e vim pedir desculpas...
Ela estendeu sua mão, como um sinal para eu parar de falar, logo disse:
- Ele, quase me matou. Você veio pedir perdão.
- Eu sei mas eu quero te sentir de novo, e foi ele que fez isso, eu não fiz nada... Poderias estar tentando te reconciliar. Mas não é isso, eu quero apenas o perdão, apenas sentir paz.
Ela parou e me olhou, ficamos em silencio por uns instantes, ela perguntou?
- tudo de bom que você sentir ele vai sentir?
- tudo que eu sentir ele vai sentir – logo respondi
Ela se levantou e foi no armário e pegou um martelo de amaciar carnes:
- Ele me estrangulou, aquele filho da puta quase me matou por causa de ciúmes, eu não quero nada de bom, ele não merece, eu não te perdoo e nem ele!!! FILHAS DA PUTAAA!!!.
Ela me bateu com aquele martelo, me bateu tanto que fez um buraquinho em mim, e eu sei que toda aquela dor ele sentia ao mesmo tempo, pois eu era capaz de controlar aquilo e eu queria que ele sentisse isso, desgraçado. Isabela me jogou pra fora do apartamento. Levantei bambo e fui embora.
Demorei, mas cheguei em casa. Bati na porta, ele abriu e quando me viu abriu um sorriso:
- O que tem na sacolinha? - Perguntou ele, com um sorriso estampado:
- Amigo...  Precisamos conversar.