quinta-feira, 30 de julho de 2015

O samba dos desesperados

 Nove da manhã, ela ainda estava dormindo, ele ja havia feito cafe, lavado a louça, ela deitada e nua com pouca coisa do cobertor escondendo seu corpo, o sol batia em seus pés, era maravilhoso.
Já havia um tempo que estavam juntos, não tinha vergonha de mostrar seu corpo foi totalmente sem roupa, o beijou, disse bom dia, entrou no banheiro, ele se exitou rápido pois na importava quantas mulheres visse, ela era a mais gostosa.
 Aquele apartamento era frio, simples, porem trazia seu conforto, ele, novo na profissão, estava se dando bem com isso, nunca imaginará um dia chegar aonde tinha chegado, saíra do nada ao começo do estrelato. Ganhava dinheiro, sustentava filha, a mulher, tudo estava a caminho, tudo em seus devidos lugares

 A vida difícil tinha os unido, todos os dias essa cruz partia aos poucos de suas costas, a culpa não era de ninguém, só que suas imaturidades levavam eles acreditar o contrário, ai estava seu caos.
 Quando se perde muito, procura-se manter com esperança, se não tens nada, procura-se esperança. Viviam assim, Elisa e Raimundo, a professora e o boxeador, Elisa acabara de se formar, estava dando aulas para crianças na Escola Complementar, e o nosso pais, estava em uma década conturbada, porem muito positiva para qualquer atleta de nosso pais, era o ano de 1970, mais uma vez o pais tinha um bom desempenho no esporte, a previsão era que o caneco ia ser nosso! 
 Boxe e futebol eram coisas diferentes mas desde o titulo parecia que todos acreditavam melhor no nosso esporte, surgiu investimentos, atletas com salários melhores e um desses era Raimundo, mais conhecido como Raimundo Marreta, que tinha um uppercut único, que pra aguentar tinha que ser muito macho. Ninguém o segurava, um, dois, três, ai acabou... Não tinha para ninguém.
 21 de junho de 1970, chegou o dia da grande final, ninguém ousava andar nas ruas sem uma camisa da seleção, ninguém ousava pisar na rua para falar a verdade, no máximo iam para algum bar que tivesse televisão, e foi mágico, mais um titulo para o Brasil, foi festa para cá festa para lá, gente bêbada sorrindo e comemorando, sua esposa e filha tinham ido para casa da mãe para tentar fugir da bagunça, Elisa tinha comprado sapatos novos para Raimundo, sapatos marrons eram o qual ele mais gostava. Ele traíra a esposa.
 Afinal, quando bêbados perdemos a consciência, e aquilo lhe daria uma dor de cabeça enorme, ela era menor de idade, ela cobrou pouco,
não fazia diferença na hora.
 A porta abriu:

 - Oque é isso? 
 Pergunto a puta, mas continuou em cima de Raimundo. Raimundo a tirou de cima como se fosse um cobertor correu para a cozinha, Encontrou Elisa, ele ainda estava exitado e logo atrás vinha a garota, silencio... Olhares... Elisa saiu do apartamento, saiu correndo, e Raimundo vai atrás apenas de toalha, mas não teve conversa, não teve papo, Elisa sambou com sapatos de Raimundo nas mãos, Raimundo pagou a garota, ela se foi. Passou-se um dia, sem noticias nem da mãe nem da filha, mas logo veio a desgraça, por telefone chega a noticia, um acidente, o ônibus capotou, uma barra de ferro atravessou seu coração, e em Raimundo permaneceu a dúvida: Doeu mais ter o coração partido, ou empalado?

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