terça-feira, 4 de julho de 2017

Inside (Ou o Sustentável peso do fictício) Pt. IV

PARTE IV – CORAGEM

Eu a encontrei finalmente, após andar muito, horas me irritando com o som dos meus passos, horas amando a liberdade. Se um dia eu querer enriquecer eu farei sapatos para corações aventureiros como eu, o asfalto machuca muito, temos que ficar correndo das pessoas que não olham para baixo à não ser se fora para olha a tela  de seus celulares e quando algum animal resolve tentar nos comer, eu tive que matar um pássaro e um rato usando uma faca de plástico suja de lasanha, mas eu a encontrei, sim, eu a encontrei ela no Cambuí, ela passou por mim como se nunca tivesse me visto na vida, ela me conhece muito bem, sei disso. Comecei a segui-la até ela entrar na farmácia, estava cansado demais, mas não podia perder a oportunidade. Ela pegou dois pacotes de absorventes e passou pela sessão de dietéticos e chegou na prateleira de preservativos, colocou um na cesta de comprar, e dois pacotes na bolsa de colo que carregava bem junta a cesta, quando ela ia colocar dois tubos de lubrificante na bolsa eu disse
- Precisas realmente roubar para sentir prazer?
Ela se assustou e deixou os tubos caírem, deu um grito e correu, deixando a cesta quase cair em ciam de mim, o dono da farmácia se assustou e ficou sem entender o que aconteceu e permaneceu parado no balcão vendo a cena. Senti uma grnade euforia e corri tanto que consegui alcança-la:
- Isa espera. Eu quero conversar.
Ela parou gélida, travada e se virou e demonstrando o medo que sentia disse perguntou:
- Quem é você? Que porra é você?
- Eu sou um coração, o coração do seu ex-marido, não quero fazer mau nenhum a você apenas quero conversar. Tem coisa que preciso lhe dizer.
- Então é verdade.. Respondeu Isa surpresa – Então é verdade o que a minha mãe me dizia, que quando um alguém é muito irresponsável com seu coração ele pula do peito das pessoas e sai por ai, voltam e nunca se sabe exatamente o que acontece com eles.
- É mais ou menos isso, podemos sentar em algum lugar e conversar?
Engolindo o medo ela respondeu:
- Sim, preciso ir pra casa, pode ser lá?
Respondi que sim e ela me ofereceu um espaço na bolsa dela para eu descansar. Fomos e quando chegamos ela me deixou em cima de uma pequena mesa de cozinha, ela morava numa kitnet bem pequena mas bem organizada, fofa com as paredes num tom bege, tinha um fogão, geladeira, um sofá cama, tv e um armário que parte era pra roupas outra para as comidas e utensílios de cozinha. Ela se se sentou à mesa e perguntou:
- Eu só estou te ouvindo, pois nunca que um coração parou pra falar comigo. Então pode falar.
 - Eu me sinto culpado, mas estou falando de mim, o coração, aquela noite segundo ele foi um acidente mas não posso afirmar isso, eu não tenho olhos. Tudo que acontece há minha volta nunca é visto, é apenas sentido. Eu senti você esmurrando o peito dele e a respiração dele ficando mais forte, eu tinha raiva e muito medo, sentimentos são meus alimentos e o de qualquer coração Isabela, e nunca temos a opção de negar a comida ou de vomitar o que comemos muito pelo contrário, temos que engolir tudo, socam essas coisas na gente e falam que nós somos burros. Queria lhe dizer que te amo, pois você me alimentou das melhores coisas, coisas que valiam a pena viver e vim pedir desculpas...
Ela estendeu sua mão, como um sinal para eu parar de falar, logo disse:
- Ele, quase me matou. Você veio pedir perdão.
- Eu sei mas eu quero te sentir de novo, e foi ele que fez isso, eu não fiz nada... Poderias estar tentando te reconciliar. Mas não é isso, eu quero apenas o perdão, apenas sentir paz.
Ela parou e me olhou, ficamos em silencio por uns instantes, ela perguntou?
- tudo de bom que você sentir ele vai sentir?
- tudo que eu sentir ele vai sentir – logo respondi
Ela se levantou e foi no armário e pegou um martelo de amaciar carnes:
- Ele me estrangulou, aquele filho da puta quase me matou por causa de ciúmes, eu não quero nada de bom, ele não merece, eu não te perdoo e nem ele!!! FILHAS DA PUTAAA!!!.
Ela me bateu com aquele martelo, me bateu tanto que fez um buraquinho em mim, e eu sei que toda aquela dor ele sentia ao mesmo tempo, pois eu era capaz de controlar aquilo e eu queria que ele sentisse isso, desgraçado. Isabela me jogou pra fora do apartamento. Levantei bambo e fui embora.
Demorei, mas cheguei em casa. Bati na porta, ele abriu e quando me viu abriu um sorriso:
- O que tem na sacolinha? - Perguntou ele, com um sorriso estampado:
- Amigo...  Precisamos conversar.

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